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Kshamenk

Há mais de 23 anos, Kshamenk vive uma vida de isolamento, como a única orca em cativeiro na Argentina, carregando consigo não apenas a solidão, mas também a complexa história de um ser que nunca deveria ter deixado o oceano.

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Kshamenk. Foto por: Caio Ribeiro.

Captura: Novembro de 1992, Argentina

Idade na Captura: Aproximado 3 anos

Cativeiro atual: Mundo Marino, Argentina

Tempo no Cativeiro: 32 anos

Sexo: Macho

Idade: 36 anos

Tamanho: 5,94 metros

Peso: 3.538 Kg (pesado em 2005)

Ficha técnica

Captura e Resgate


No dia 17 de novembro de 1992, Kshamenk foi encontrado encalhado em uma praia na Baía de Samborombón, na província de Buenos Aires, Argentina. Na ocasião, quatro orcas estavam presas na areia, mas quando a equipe do parque Mundo Marino chegou, apenas Kshamenk permanecia no local. As outras orcas aparentemente conseguiram voltar ao oceano. Na época, Kshamenk tinha cerca de três anos e apresentava sinais de desidratação severa e queimaduras solares devido à longa exposição fora d'água.

O resgate foi particularmente difícil, pois o local do encalhe era acessível apenas durante a maré baixa. Kshamenk foi transferido para o parque aquático em 19 de novembro de 1992, onde recebeu cuidados médicos intensivos para sua recuperação. Embora o resgate seja apresentado como uma operação legítima pelo Mundo Marino, há alegações de que o encalhe foi provocado intencionalmente para capturá-lo, uma prática que não era proibida na época pela legislação argentina.

Vida no Mundo Marino

Após sua recuperação, Kshamenk foi integrado ao tanque principal do Mundo Marino, onde conheceu Belén, uma jovem orca fêmea que também havia sido resgatada após encalhar. Embora sua relação inicial não fosse particularmente próxima, os dois acabaram se reproduzindo. Em 1998, Belén ficou grávida pela primeira vez, mas deu à luz um filhote natimorto. Dois anos depois, ela engravidou novamente, mas morreu tragicamente em fevereiro de 2000, ainda durante a gestação. Desde então, Kshamenk vive sem a companhia de outras orcas, tornando-se a única de sua espécie no parque.

Para minimizar sua solidão, uma fêmea de golfinho-nariz-de-garrafa chamada Floppy foi colocada como sua companheira de tanque. Embora os dois mantenham uma relação amigável, o arranjo está longe de atender às necessidades sociais complexas de uma orca. Em seu habitat natural, orcas vivem em grupos familiares conhecidos como pods, que possuem vínculos profundos e interações constantes. A ausência de outro membro de sua espécie e a limitação de espaço no cativeiro têm impacto significativo no bem-estar de Kshamenk.

Tentativas de Transferência e Reprodução

A história de Kshamenk inclui várias tentativas de transferi-lo para outros locais. Em 2002, o parque Six Flags, nos Estados Unidos, tentou importá-lo para que ele pudesse viver com uma fêmea de orca chamada Shouka, que estava sozinha no parque. O objetivo era melhorar sua qualidade de vida, oferecendo interação com outra orca, além de possibilitar reprodução. No entanto, o governo argentino negou a exportação, pois Kshamenk é considerado fauna nativa e protegido por leis ambientais que impedem sua saída do país.

Embora não tenha sido transferido fisicamente, Kshamenk contribuiu para a reprodução de orcas em cativeiro por meio de inseminação artificial. Em 2011, veterinários do SeaWorld visitaram o Mundo Marino para coletar amostras de sêmen de Kshamenk. Essas amostras foram usadas para inseminar fêmeas nos Estados Unidos, resultando no nascimento de dois filhotes em 2013: Makani, em fevereiro, e Kamea, em dezembro. Apesar de ser pai de dois filhotes, Kshamenk nunca teve contato com sua prole.

Condições do Tanque e Bem-Estar

O tanque de Kshamenk no Mundo Marino é frequentemente alvo de críticas. Comparado a instalações de outros parques aquáticos que mantêm orcas, seu espaço é pequeno, com profundidade máxima de apenas 6,5 metros. Além disso, o controle da temperatura da água e os sistemas de filtragem já foram considerados inadequados no passado. Nos últimos anos, o parque implementou melhorias, como a instalação de um sistema de som direcional para reduzir o estresse acústico e um sistema de refrigeração para garantir temperaturas adequadas nos meses mais quentes.

Avaliações médicas recentes indicam que Kshamenk está em boas condições físicas, com dentes saudáveis, um bom nível de energia e resposta positiva aos treinadores. No entanto, há sinais de que o isolamento social continua a impactar seu bem-estar emocional. Em 2023, surgiram preocupações com sua aparência física, que demonstrava emagrecimento e sinais de estresse, mas o parque não emitiu declarações detalhadas sobre o caso.

O Debate Sobre Seu Futuro

Especialistas e organizações de conservação divergem sobre o futuro ideal para Kshamenk. Enquanto alguns defendem sua transferência para um santuário marinho, onde ele teria acesso a um ambiente mais natural e espaço adequado para nadar, outros destacam os desafios dessa mudança. Após décadas em cativeiro, Kshamenk tornou-se dependente de cuidados humanos e perdeu habilidades essenciais para a sobrevivência no ambiente selvagem, como caça e navegação.

Estudos apontam que uma tentativa de reintrodução ao oceano seria arriscada, pois ele poderia apresentar comportamentos inadequados, como buscar contato humano ou não conseguir se integrar a grupos de orcas selvagens. Além disso, não há informações claras sobre a população de origem de Kshamenk, tornando impossível determinar seu habitat natural original.

Veja algumas fotos de Kshamenk  

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